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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Alguém que deu certo.

-Estava muito atordoado, preocupado se tudo iria dar certo, pensando o tempo todo em o que eu iria falar. Quando chegou minha vez, subi ao palco, comecei a falar. Foi rápido, sou ótimo no que faço. Consegui conquistar a platéia, consegui arrancar o riso e a emoção. Foi quando em um feedback de luz, vi alguém que chegou atrasado, que sentou no ultimo banco. Do palco, vi aquela alma. Vi aqueles olhos e cílios imensos, os olhos mais piedosos e "pedonchos" que já vi. Do último banco, esses olhos arrastaram toda minha juventude, devastaram todos os meus planos, me esqueci de tudo. Olhos que piscavam inocente, mas de inocente mal sabia eu que faltava le muito. E em um movimento suspeito, eu me verei de costas, como parte do ato, mas sentia a presença daquele olhar, uma presença sem igual, arrebatadora. Me virei e vi seu cabelo levemente molhado pela chuva, todo enrolado, como um anjo da noite encobrindo um mistério. Dentre sua boca, no meio dos seus dentes, havia o segredo do universo, a boca,..., sim a boca, parecia a parte mais obscena de seu corpo, me induzia a pensamentos que nunca tivera durante todo o meu trabalho. Mal sabia eu que desejaria aqueles lábios todos os dias de minha existência. Fiquei tanto tempo olhando o, que ele sorrio, como um crepúsculo. Minha cabeça foi para a Lua, e lá no silêncio na noite eterna, encontrei o coração do garoto do ultimo banco. Minha perna tremeu e meu coração disparou enquanto ele manuseava, com maestria sua caneta. Não resisti. Nunca mais fui o mesmo. Agora, todos os dias amanheço acariciando os cabelos mais misteriosos, olhando para os olhos mais inocentes e beijando a boca mais sedutora.

-Que lindo! Consigo até imaginar. Que bom que ficaram juntos.


...


Gustavo




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