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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Brasa

Sem querer, me lembro do seu corpo nu iluminado pela brasa do cigarro. Te observo da cama, uma miragem. Nem mil Orixás poderiam nos separar. Como te admiro? Como te admiro!Fiquei por debaixo dos lençóis  imaginando como seria doloroso me queimar, como estaria escuro sem a aluz da brasa. Caiu em mim consciência de que a brasa ascende, queima, arde e se acaba. Agora, da brasa, restam cinzas que assopro a cada dia. Estas se perdem por todo o ar, entrando nos pulmões de meus amigos, esbranquecendo minha família e cobrindo meu caminho. Cinzas que um dia me fizera acreditar que ha chama sempiterna.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Te lubrina.

Aonde você foi e o que será que te levou?
Será que alguém te puxou? Sera que o que tinha já passou?
Sera que o que foi prometido, esta ao vento?
Que trato cumprido, se tornou mero lamento?

Aonde você foi? Por onde andou?
Quem que te ouviu? Quem te aconselhou?
Não sei se prefiro obter respostas ou continuar na ganancia de te querer.

E você foi, me deixando inúmeras perguntas
No vazio, no escuro, cheio de memorias e sujeiras;
do que foi, do que aconteceu, do que não vai mais acontecer.
Do suor, do ódio, do amor, do prazer.

E o próximo passo, ja sei mais andar.Levou minhas pernas, meu coração, meu afago minha vontade de ficar. Então nas perguntas me calei, virei aquele ponto de interrogação que sempre evitei. 

Aonde esta você?

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Hrum...

``Como fim de brasa, a inveja me consome. Inveja, maldita!
Aguda, árdua, me obriga a vomitar elogios.
Esta, me envenena, me instrui a aparecer.
Inveja, dos seus dizeres, do seu rosto. Ho bicho invejoso!``

Minha gratidão.


Eu nunca pedi pra ter talento. As pessoas a minha volta estão tao preocupadas com o que não significa tudo, e se esquecem de si, se perdem por nada.Tentei ser igual, tentei ser judeu, umbandista, heterossexual. 

A vida começa na minha cabeça  consome meu corpo, e presa, em letras, mostra toda minha paixão e crença.  Nao pedi pra acreditar no amor, não pedi pra ser pisciano, não queria reencarnar. Sou apenas um minúsculo portal de uma imensidão de vozes.Criei personagens, com respostas para minha perguntas. Criei finais felizes, para atos dramáticos  fins de cena. Eu distorci o verdadeiro heroi, me converti a minha benevolência. Eu sou mutante,sou poeta,sou humano, simplório, errante.


Obrigado D*us, por, mesmo sem pedir, criou um delator Teu.
Nao pedi pra ser diferente, não pedi pra fazer contente. Tentei ser coerente.




ILUSTRACAO: DAIANE BERNADO.